segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um pouco do que chega por e-mail

Participar do chat do Portal Terra, onde tenho falado sobre sonhos com os internautas, tem resultado em muitos e-mails de pessoas aflitas com o conteúdo dos seus sonhos. Nos dias do bate-papo sobre o assunto, circulam na sala virtual cerca de 800 pessoas, segundo a produção do chat do Terra, o que acaba impossibilitando muita gente de mandar uma questão sobre sonhos.

Entre os tantos e-mails que chegam, vou selecionar alguns para colocar aqui no blog, periodicamente, preservando a identidade dos que me procuram. A necessidade de entender o que o sonho está contando apenas reforça o que tenho dito nesse espaço, no sentido de que o material onírico mobiliza em nós uma curiosidade que nem sempre é satisfeita. E não sendo respondida, essa curiosidade pode gerar angústia e até interpretações equivocadas, já que os símbolos não são de fácil compreensão para o sonhador.

A mensagem que reproduzo a seguir mostra, em primeiro lugar, um tema recorrente nos sonhos, as fezes, conteúdo que sempre incomoda quando aparece. Mas a maneira como a pessoa relatou o sonho por e-mail mostra, também, como, de maneira geral, não o abordamos com os detalhes que compõem a cena onírica. E contad assim, faltam elementos (fundamentais) para ampliar a mensagem do inconsciente e, consequentemente, ajudar o sonhador no entendimento do conflito que precisa ser trabalhado.

Peguei o seu e-mail no Chat Terra. Gostaria que me ajudasse a entender:

O que eu mais sonho sempre é: eu sempre sonho também fazendo muitas fezes. Eu já sonhei várias vezes que os meus dentes caem, mas sempre no sonho eu imagino que não é real é sonho.

Estou no aguardo destas respostas.


Minha resposta à sonhadora:

Oi.
Sobre os sonhos com dentes que caem, entre no meu blog (http://quesonhoeesse.blogspot.com/) e leia o post que escrevi sobre o assunto. Com certeza, a partir dele você poderá entender melhor esse tema.
Sonhar com fezes é bastante comum e este é um tema que pode sugerir que reunimos condição de eliminar conteúdos que já foram processados emocionalmente.

Embora possamos buscar outros caminhos de ampliação, que não vou abordar aqui por falta de elementos na sua narrativa, objetivamente sabemos o que as fezes significam em nossa vida concreta: um material processado (alimento) que precisa ser eliminado.

Assim também acontece com os conteúdos emocionais. Por vezes carregamos por um tempo além da conta um material que já poderia ter sido eliminado, um conteúdo que continuamos guardando e que pode nos fazer mal. Raiva, principalmente. Diz-se, de uma pessoa com raiva, que ela está ENFEZADA... ou seja, cheia de fezes.Temos muita dificuldade de admitir nossa raiva, porque dentro de um pensamento voltado para uma moral cristã, não é bonito sentir raiva. Pelo contrário, somos ensinados a dar a outra face! e vamos guardando essa energia. Mais longe do que isso não posso ir, pois você só me fala o tema, não descreve a situação vivida no sonho, não fala da sua sensação ao ver as fezes, não fala se tenta limpar ou se você se suja com ela. Enfim, o sonho nos conta uma história e são os elementos dessa história que nos ajudam a chegar mais perto da informação que o inconsciente nos traz.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Quem nunca sonhou com os dentes caindo?!


Já perdi a conta de quantas vezes me perguntaram o que é sonhar com dentes caindo, quebrando ou algo no gênero, variando pouco as situações aflitivas em que o sonhador se vê na cena onírica. E como a maioria das pessoas associa perda de dentes com morte de alguém próximo, resolvi tocar nesse tema por duas razões.

Primeiro, porque o sonho nunca pode ser visto de um jeito tão fechado: dentes caindo é alguém que vai morrer. Todo sonho precisa ser visto e ampliado dentro do contexto de vida do sonhador. E segundo porque no decorrer de uma semana, duas pessoas – mulheres, uma com pouco mais de 30 anos e a outra com 62 anos – me fizeram essa consulta, ambas por e-mail, inquietas que estavam com o conteúdo do sonho.

Como apenas a mais jovem contou uma historinha (a outra pessoa tinha apenas a imagem da perda dos dentes, o que dificulta uma abordagem mais pontual, embora eu lhe tenha respondido mesmo assim), reproduzo o seu relato e logo em seguida a resposta que encaminhei para ela: “Eu estava em casa com minha irmã e eu mexia nos meus dentes e saiam pedaços deles nas minhas mãos e minha boca ficava toda incompleta e com os dentes quebrados, aparecendo uns pedaços pretos. Nisso eu pedia para minha irmã ligar para tentar agendar com o meu dentista e ela só conseguiu agendar para o dia seguinte. Eu dizia que não podia ser, que era muito urgente o caso e que eu tentaria um outro. Mas sem sucesso. Eu pensava: e agora? O que vou fazer? Não posso sorrir".


A partir desta imagem - dentes que se desmancham em pedaços e caem – podemos ir por alguns caminhos, mas a mensagem principal que fica é que você pode estar sentindo que está perdendo poder, segurança, espaço. Pois os dentes são um símbolo forte de nossa capacidade de reagir, de morder, eles falam da nossa agressividade. Imagine um animal ameaçado: a primeira coisa que ele faz é mostrar os dentes, ele escancara a boca e mostra os dentes e aí sabemos que ele não está para brincadeira.

Por outro lado, dentes são osso, ou seja, dentes falam de estrutura. E daí vem a associação com segurança, com tudo o que representa segurança e que nesse momento pode estar faltando para você. Mudar de casa, mudar de trabalho, mudar sensivelmente a vida pessoal ou querer processar essas mudanças podem trazer sonhos com dentes se não nos sentimos suficientemente seguros para dar conta do recado. Pode ter a ver com segurança financeira, pode ter a ver com algum projeto novo de vida para o qual você não se sente preparada.

Pode ser ainda que você esteja questionando sua auto-imagem. Pode não estar satisfeita com ela (nossa persona, a maneira como nos apresentamos para o mundo, o jeito como acreditamos que as pessoas nos vêem) e isso faz com você tema ser ridícula, que não seja apreciada. Uma pessoa sem dentes é alvo de uma curiosidade não saudável, não prazerosa, ela não se sente à vontade para se mostrar ao mundo.

Assim, dentro desse leque de possibilidades, cabe a você pensar no que está se sentindo insegura? A que você não está conseguindo reagir como gostaria? Está faltando espaço para você colocar suas idéias, sua opinião? Você tem se mostrado realmente assertiva, tem conseguido fazer valer sua opinião, tem sabido defender seus interesses? A vida está para mudar em algum nível mais estruturante, como trabalho, relação com parceiro, residência? Alguém muito próximo na família, que é fundamental na sua sustentação emocional, está com algum problema sério de saúde, a ponto de você se sentir ameaçada sem a presença desta pessoa?

Outra coisa que chama a atenção no seu sonho é você pedir para sua irmã que entre em contato com o dentista. É importante você analisar quem é sua irmã para você, e quanto, na realidade, você pode contar com ela, pois no sonho está delegando a ela uma urgência que é sua. Podemos pensar na sua irmã como um aspecto seu (desconhecido para a consciência), um lado seu que não toma atitude diante de um fato tão urgente quanto a perda dos dentes. O que é que você está adiando para o dia seguinte? O que é que já deveria ter assumido, providenciado, agilizado e que está relacionado a tudo o que falei acima, como segurança, poder, agressividade, auto-imagem?

No seu relato do sonho não fica claro para mim se você efetivamente procura um outro dentista, se você telefona, ou se apenas diz que é urgente... Por outro lado, podemos pensar ainda na sua irmã como alguém que é pró-ativa? Ela faz aquilo que se propõe? Ela corre atrás? Pois neste caso ela pode estar no sonho para compensar um aspecto seu que não está indo atrás das necessidades com a garra (os dentes) que deveria. Como vê, o sonho dá margem a muitas reflexões.


Não vou contar sobre os comentários feitos por esta sonhadora. Posso dizer apenas que ela ficou impressionada com tanta coisa que fez sentido na vida dela e como isso a ajudou a posicionar-se. E espero que essas reflexões ajudem também você a olhar o sonho como um caminho de acesso ao mais profundo do nosso ser. Qualquer que seja o tema do seu sonho, pense nele desta forma ampliada, pense que ele fala de algo que você precisa saber de você mesmo. Pergunte-se, então, que notícias são essas que estão chegando do mundo interno enquanto você dorme... e siga as pistas!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Falando de sonhos no chat do Portal Terra


A experiência foi instigante e, como sempre ao falar de sonhos, foi também fascinante. Ontem, a convite da produção do chat do Portal Terra, participei de um bate-papo papo com internautas curiosíssimos para saber mais do encantado mundo dos sonhos. Encantado, sim, porque nem o mais ousado produtor de cinema consegue criar cenas tão bizarras quanto as que o inconsciente nos manda todas as noites, em arquivos originais e irrepassáveis. Sim, porque como já disse aqui algumas vezes, o sonho é do sonhador. E ponto!

Por isso mesmo foi necessário explicar aos participantes do chat (que teve a moderação dos jornalistas Juliana e Thiago) que não se deve falar em interpretar os sonhos, e sim em ampliá-los, buscando no conteúdo simbólico as associações que fazem sentido na realidade do sonhador. Claro que em um chat, onde não é possível a interlocução direta com o participante, dado o grande número de pessoas na sala, esta ampliação não é conclusiva. No entanto, sugere ao sonhador as possibilidades de indagação em torno das imagens, e nesse aspecto, mesmo sem conhecer ou acompanhar de perto o sonhador, é possível sugerir pistas para ele seguir o enigma proposto pelo inconsciente.

E assim foi no chat, onde não faltaram sonhos com cobras, cachorro e até uma pantera! Ou com a criança entregue nas mãos de uma sonhadora, ou ainda o significativo sonho de um canarinho amarelo preso em uma gaiola. Possibilidades inúmeras de “passear” ao redor de tantas imagens fortes, mobilizadoras, na tentativa de conseguir ler nas entrelinhas da mensagem cifrada do inconsciente. Para atenuar a ansiedade que um sonho pode trazer, é oportuno dizer que uma ampliação não se esgota em uma primeira abordagem. É como se tivéssemos que “conversar” com o sonho várias vezes, olhá-lo sob vários ângulos, até sentir que algo naquela análise mexeu com nossa sensibilidade , a ponto de conseguirmos dizer: é isso!

A idéia do bate-papo foi, principalmente, orientar as pessoas quanto ao que elas fazem com seus sonhos. Dizer que eles são importantes e que devem ser tratados como preciosidades que certamente nos ajudam a desvendar o nebuloso território do inconsciente. E, como tal, não podem ser reduzidos aos manuais de cunho adivinhatório, com interpretações simplistas e irreais. A orientação, que repito aqui, é que anotem seus sonhos em um caderno especial para este fim, escrevam a data em que ocorreram e anotem também a impressão que eles lhe causaram. É assim que se começa a materializar o interminável diálogo que temos que manter com o mundo interno. Sem isso, o mundo externo corre o risco de se tornar um monstro com a boca cheia de dentes. E a presa somos nós!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A luta para que não mais se repita!



Talvez cause estranheza esse post, mas sou uma defensora de todos os sonhos. Não resisti em relatar a experiência vivida neste domingo, 26 de abril.

O convite me pareceu irresistível: participar de uma Marcha pela Vida, caminhando cerca de dois quilômetros a partir de um determinado ponto na avenida Antonio Eiras Filho, até o Cemitério Israelita do Butantã. Com este ato, a comunidade judaica de São Paulo celebrava o Yom Ha-Shoah, o Dia de Lembrança do Holocausto, e se posicionava contra a vinda do presidente do Irã ao Brasil, dia 6 de maio, quando será recebido pelo presidente Lula.

Tinha tudo a ver com a Rivka dentro de mim, o nome que adotei como judia, em 1977, convertida que fui pelo rabino Henry Sobel. Caminhei em meio a pessoas de muita idade, a crianças e bebês de colo, adolescentes com jeans e aparelhos nos dentes, a rabinos com suas vestes pretas e semblantes sérios, e homens com suas kipás na cabeça, a nos lembrar todo o tempo que existe Alguém Maior acima de nós, a nos proteger e guiar.

Eu poderia descrever em detalhes tudo o que se seguiu naquele espaço de quatro horas, mais ou menos, em que o sol brincou de esconde-esconde sobre o gramado onde se armou o cenário para a celebração. Mas vou me deter naquilo que despertou em mim um profundo sentimento de gratidão por estar ali. Foi a oportunidade de unir minha intenção ao apelo e às lembranças daqueles que lutam (e assim será feito, pela eternidade) para que não mais se repita o irreparável dano à humanidade, do qual alguns sobreviveram para contar e escrever a longa história de agonia e espanto.

Como nas palavras de um vigoroso Ben Abraham, nascido em Lodz, na Polônia, e que aos 14 anos de idade foi levado com os pais para o gueto, em 1939. Passou por três campos de concentração até ser confinando em Auschwitz, de onde só saiu na primeira noite do mês de maio de 1945, pesando 28 quilos. Tem levado a vida cumprindo o propósito que se prometeu, o de contar à humanidade o drama do qual ele foi protagonista. Foi o que fez ontem, amparado pela admiração e reverência dos que o ouviam falar da humilhação, da perda de toda a família, das doenças contraídas e da fome “que nos fazia pegar do esgoto a batata podre que passava boiando e era levada diretamente à boca”.

Para aqueles que insistem em negar o holocausto, como o ensandecido que breve chega ao país, bastava o testemunho de um Ben Abraham, dando sua voz a todos os que foram silenciados. Ninguém ousaria duvidar da sua dor. Mas entre os indivíduos, especialmente os que comandam as nações, parece haver um “esquecimento” assustador em relação àquele passado e uma indiferença ameaçadora em relação ao presente, pois o mundo não se cansa de produzir outros holocaustos. Aí está o genocídio de Darfur, no Sudão, só para lembrar de um, bem agora diante dos nossos olhos.

E não precisa ser muito esperto para saber que memória se constrói. Memória se exercita, com educação e com a perpetuação da história, que pode ser passada adiante com atos como vimos ontem, no monumento ao Holocausto. Com a fala do Sr. Ben Abraham, com as lideranças se posicionando nas suas comunidades, por menores que sejam, com a vigilância constante sobre falas desastradas como as de Ahmadinejad e seus simpatizantes.

E com o envolvimento das futuras gerações, como também se pôde ver ontem. Fosse nas seis tochas acesas (simbolizando, as seis, os seis milhões de judeus mortos pelo nazismo) por representantes dos vários grupos presentes, entre eles os pequenos que faziam a quarta geração dos que sobreviveram, fosse pelos grupos de estudantes brasileiros que naquele exato momento da homenagem no Brasil se encontravam na Polônia, testemunhando o irrefutável.

Um contato pelo celular colocou no ar, pelas caixas de som, as vozes de três estudantes de escolas israelitas brasileiras, que acabavam de percorrer o nefasto território onde seus bisavós um dia pisaram e lá ficaram, os campos de concentração na Polônia. Falaram de como aquela experiência os transformara e do quanto suas almas haviam sido tocadas por uma história da qual também faziam parte.

Defender e honrar essa história é o propósito desses meninos, que simbolizam os antepassados e todos os que virão depois deles. Um sonho para ser alimentado e passado adiante, assim como aquele que um dia nutriu o Sr. Ben Abraham para ele contar ao mundo o que seus olhos viram e seu coração guardou. Que acalentou meu sogro, Efroim Sztajnbok, ele também liberto de campo na Polônia, a quem conheci já velhinho, mas sempre esfuziante ao tomar nos braços nosso pequeno Sacha, o neto que ele tanto amou, a melhor herança que me deixou, o melhor testemunho de sua linhagem.

A diferença deste sonho e aqueles de que trata esse espaço é que o sonho de paz e dignidade para todos os povos exige que nos mantenhamos acordados, despertos e vigilantes.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Em Jogo de Cena, os sonhos também são estrelas



Além da minha paixão por sonhos, por nadar, por cozinhar e outras que não cabem neste blog, também sou louca por cinema. Não chego ao ponto de ver certas coisas trash que andam por aí, mas não perco nem mesmo os filmes iranianos, que para muitos é um sonífero e para mim é uma viagem à beleza plástica e a uma certa inocência perdida.

Tudo isso para dizer que dia desses peguei Jogo de Cena, mais um belo trabalho desse grande cineasta que é Eduardo Coutinho (Edifício Master, lembram?), e mergulhei nas histórias daquelas mulheres fantásticas, porque humanas, reais, espelhos. Sob a lente crua de Coutinho, elas vão contando suas histórias povoadas de filhos, maridos, pais... e sonhos. Pelo menos quatro delas, se bem me lembro, falam de sonhos que determinaram mudanças nas suas vidas.

Eu, já emocionada pelos relatos simples e pungentes daquelas deusas de carne, osso, batom e brincos, fiquei ainda mais tocada quando, em algum momento daquela narrativa, ouvi... “e aí eu tive um sonho”. Confesso que me remexia no sofá, ansiosa e em reverência ante um oráculo prestes a se revelar. E confirmava, então, o quanto um sonho pode nos colocar em outra posição diante dos fatos que a vida, do seu jeito, tornou irreversíveis.

Uma dessas mulheres abre sua dor pela morte trágica de um filho jovem, que a fez fechar-se em luto por cinco anos, cerrando simbolicamente as janelas da casa. Com pausas longas e olhares cheios de silêncio, ela fala das janelas fechadas e acende um brilho nos olhos quando diz... “e aí eu tive um sonho... meu filho aparecia com uma coroa na cabeça, vestido com um roupão azul, e me dizia: mãe, eu estou bem...” e seguia a partilhar as imagens restauradoras, até concluir: “então, depois desse sonho eu pude abrir as janelas e retomar minha vida”.

Tenho cerca de mil sonhos anotados nos meus cadernos de capas já gastas, outros que descubro quando vou buscar uma agenda antiga ou um bloco de anotações que é a ferramenta de qualquer jornalista... Lá estão eles, contando histórias que hoje até já se resolveram na minha vida, mas ali permanecem, como testemunhas daquela que fui e sou, transformada certamente com a ajuda de sonhos que me ajudaram a abrir janelas. Olhemos pelas janelas sempre abertas do mundo interno e prestemos atenção ao que se descortina neste cenário ímpar, porque lá pode estar a resposta aos enigmas que a vida nos apresenta.

terça-feira, 17 de março de 2009

Feminino e masculino. Acredite... eles só querem casar!

Tenho levado uns puxões de orelha por não atualizar esse blog com a freqüência que ele merece. Mas cá estou, para cumprir o instigante ofício de falar de sonhos e do infinito que eles descortinam, deixando abertas as portas que nos levam aos becos e avenidas de nós mesmos. Prometi, no último post, falar um pouco mais do casamento, ampliando um pouco mais as informações do comentário anterior.

Há inúmeras formas de o inconsciente apontar como estamos vivendo a integração desses opostos, como estamos unindo feminino e masculino, esta busca necessária para que nos tornemos mais inteiros. Quando homem e mulher escolhem unir-se na vida concreta estão buscando, juntos, encontrar o equilíbrio para lidar com as solicitações da vida, dentro daquilo que suas naturezas podem atender, individualmente e em conjunto.

Assim, se no sonho há um casamento acontecendo, com noivo e noiva, isso indica que dentro de nós está mais fortalecido o equilíbrio dos princípios feminino e masculino. Aquilo que é próprio do feminino – as emoções, a sabedoria instintiva, a intuição, a fertilidade, a germinação, o imprevisível, as marés, o interno – se une às qualidades que são do masculino – o concreto, o palpável, o racional, o linear, o organizador, o externo. Precisamos, homem e mulher, deste equilíbrio para atuarmos em todos os aspectos da vida, pois quando a balança pende apenas para um lado, a gente já sabe... o que está nos pratos tende a cair por terra!

E se tudo está pronto para um casamento e ele não acontece? Taí uma oportunidade para o sonhador refletir sobre o princípio em queda. Não tem o noivo? Ou seja, o quê da natureza masculina está faltando nas suas atitudes? Objetividade? Clareza de raciocínio? Organização financeira, profissional ou na vida prática? E se falta a noiva, rapaz? Será que você não está negligenciando aquela voz que vem lá de dentro, a intuição, que lhe aponta caminhos que você teima em não seguir? Ou será que as emoções andam tão trancadas que o resultado é uma gastrite que não lhe dá sossego?

Um livro muito esclarecedor para quem quer entender mais da importância de equilibrar masculino e feminino e promover, assim, esse casamento sagrado é "Os Parceiros Invisíveis", de John A. Sanford (Ed. Paulus). Há também um trabalho muito interessante da psicoterapeuta Raissa Cavalcanti, "O Casamento do Sol e da Lua", da Cultrix.

E encerro com uma orientação contida no livro de Raissa, à página 146: “A harmonia está oculta em cada ser humano, pronta a se revelar a cada momento em que se consegue fazer os casamentos internos. (...) Há as duas polaridades, a masculina e a feminina, mas estão unidas em um só corpo. Estão em oposição e ao mesmo tempo representam uma unidade. O masculino precisa do feminino e o feminino precisa do masculino para garantirem a própria existência. Um princípio não pode existir sem o outro”.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sonhos no Mais Você. Desta vez, sem recheios de creme!

Entre as receitas e as piadas do Louro José, a apresentadora Ana Maria Braga incluiu na programação de ontem, 26/01, um tema que me interessa de perto: os sonhos e o seu significado. Eu vibro sempre que vejo que o assunto ganha outras rodas que não os círculos fechados e às vezes inacessíveis do mundo psi. Afinal, sonhar é o instrumento mais democrático de autoconhecimento e ver essa discussão em um programa popular como o Mais Você traz uma boa perspectiva: a de que possamos, todos, falar mais e mais sobre sonhos, independente do quanto estejamos familiarizados com a linguagem onírica.

Já reconheci aqui neste espaço e vou insistir sempre que “entender” os sonhos não é uma tarefa fácil, porque o inconsciente nos fala por meio de metáforas, de pegadinhas, de imagens que não são nada claras para a consciência. E talvez por isso os manuais que “decifram” os sonhos façam tanto sucesso, porque eles vêm preencher uma necessidade permanente que o indivíduo tem de entender esse recado que vem em forma de imagens aparentemente sem nexo, sem ligação com o sonhador.

A prova disso é que no site do Mais Você, além do vídeo com o psicólogo entrevistado, Guilherme Kwasinsky, que foi às ruas conversar com pessoas que contaram sonhos inquietantes para elas, há também um resumidíssimo manual abordando o significado de dentes, casamento e nudez.

Nem vou discutir a ampliação desses temas, tirados certamente dos tantos “dicionários” de sonhos à venda no mercado, mas não resisto em comentar o item casamento, que segundo a explicação nunca pode ser visto como de bom presságio e pode indicar desavenças em família. De onde terá saído tamanha barbaridade?! Dependendo de com quem o sonhador está casando, pode ser um excelente anúncio!

Mas até para chegar a esta conclusão, de bom ou mau presságio, é fundamental saber detalhes significativos. Com quem é o casamento? O noivo está presente? Como se encontra o sonhador em relação a este fato tão determinante na vida de uma pessoa? O noivo (ou noiva) é alguém que conhece? Ou você nunca viu na vida? Só uma dica, para quem tiver curiosidade de aprofundar, porventura, um sonho sobre esse assunto, seja ou não casado.

Um casamento pressupõe que estamos nos unindo a alguém que amamos... ou será que você se casaria com um ser detestável? Se casamos com alguém que amamos ou por quem temos admiração, isso pode significar no seu sonho que uma parte importante de você está sendo integrada, um aspecto da sua personalidade, que até então estava negligenciada, pode agora “unir-se” a você.

E se no seu sonho ainda não aparece o noivo? Você está toda pronta, mas faltam os sapatos, por exemplo? Vou deixar todos muito curiosos, pois vou voltar ao assunto, só para não deixar esse post com um metro de extensão. Mas quero concluir que, mesmo discordando do manual apresentado no site do Mais Você, fico realmente gratificada por ver que falar de sonhos é pauta para um programa de televisão, com repercussão entre todas as camadas da população, inclusive tendo a responsabilidade de levar ao programa um profissional sério para conversar com os mais anônimos seres humanos, caminhantes da vida nesta São Paulo convulsionada.

Até porque para sonhar não precisamos de títulos, status, formações, conhecimentos... Precisamos apenas estar vivos!

E se você quiser conhecer a matéria veiculada pelo Mais Você, tai o link:

http://maisvoce.globo.com/MaisVoce/0,,MUL971765-10345,00-SIGNIFICADO+DOS+SONHOS.html